Picada de cobra: profissionais de saúde alertam sobre os sintomas e o que fazer após sofrer um ataque

14 fevereiro

 

Na Paraíba ao todo, 102 pacientes, vítimas de picada de cobra, deram entrada no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), em 2021, segundo o último levantamento do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pouco divulgado, os ataques de serpentes, neste período de verão, quando as mesmas se procriam, se tornam mais comuns e, portanto, se faz necessário alertar quais cuidados devemos ter caso sejamos picados por uma serpente.

Segundo a médica Fan Hui Wen, o mais importante depois de uma picada de cobra é manter o membro que foi picado o mais parado possível, porque quanto mais se movimentar mais o veneno poderá se espalhar pelo corpo e chegar em vários órgãos vitais. Isso se aplica também a qualquer atividade que possa acelerar o batimento cardíaco, já que o aumento da circulação do sangue também espalha o veneno. Assim, o ideal é que a vítima não caminhe e seja transportada por maca até ao hospital. Outra opção é ligar para a ajuda médica, através do 192.

“A primeira recomendação que nós damos é lavar bem a região com água e sabão.” Segundo Fan, não se deve amarrar o local da picada nem tentar chupar o veneno. “Nenhuma dessas medidas é capaz de impedir a ação do veneno. Não se deve passar nenhum produto nem remédio caseiro. [O ideal] é transportar o mais rapidamente a pessoa para um serviço de saúde”, aconselhou.

Para o coordenador do Ciatox-UFPB, Hemerson Magalhães, as picadas por cobras também compõem os casos mais graves por animais peçonhentos detectados no HULW de João Pessoa, devido à chance de evoluir inclusive para a morte de pacientes. “Esses 102 casos que chegaram ao HU de mordida de cobra, quando você compara com acidentes por escorpião, é bem menor. No entanto, os acidentes por cobras têm uma gravidade mais constante, mais frequente do que os casos com escorpiões”, disse Hemerson Magalhães.

Na Paraíba, assim como no Brasil, a maior ocorrência relacionada às serpentes peçonhentas é com as jararacas. As picadas da jararaca estão presentes em, aproximadamente, 90% das ocorrências registradas, no Estado. No Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, foram registrados 338 atendimentos após acidentes com serpentes, no ano passado. No mês passado, já foram recebidas 19 pessoas, vítimas deste tipo de ataque, no Hospital de Trauma de Campina Grande. As picadas de cobra e de escorpião são uma ocorrência comum nesta unidade de saúde, em relação aos acidentes com animais peçonhentos. As vítimas são de todas as idades.

O que não fazer após a picada

Existem várias crenças populares sobre o que fazer após uma picada de cobra, no entanto, é desaconselhado:

• Tentar sugar o veneno para fora da picada;
• Fazer um torniquete apertado;
• Cortar o local da picada;
• Além disso, também não se deve aplicar qualquer tipo de mistura caseiras sobre a picada, pois além de não existir comprovação científica, pode acabar causando uma infecção do local.

Sintomas de uma picada de cobra venenosa

No caso de uma picada de cobra venenosa, com injeção de veneno, é comum que, após a dor que surge no local devido à picada, possam aparecer outros sintomas como:

• Dor que piora ao longo do tempo;
• Inchaço que vai aumentando e afetando mais áreas ao redor da picada;
• Ínguas doloridas em locais próximos da picada. Por exemplo, no braço é possível que surja inchaço das ínguas da axila, já na perna podem inflamar as da virilha;
• Bolhas na pele;
• Náuseas e vômitos;
• Tonturas, sensação de mal-estar geral e desmaio.

No entanto, os especialistas alertam que estes sintomas podem variar de acordo com a espécie de cobra, sendo que até existem algumas cobras venenosas em que a mordida não causa qualquer sintoma. Por isso, é sempre importante ir no hospital, mesmo que se suspeite de que a cobra não é realmente venenosa.

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